bioborgs album cover 01

Num futuro distante, no ano de 1984, a vigilância em massa é realizada pelo aplicativo O Grande Irmão versão 2.1, instalado voluntariamente pelos usuários Android e iOS em seus próprios TelefonesInteligentes (nota de rodapé: não há relato estatisticamente relevante de usuários de Windows Phone neste cenário histórico). O uso exponencial de TelefonesInteligentes com o aplicativo O Grande Irmão deu início a uma guerra sem fim entre o virtual e o real, entre a realidade e a ficção, as fakenews, os memes e as correntes de WhatsApp tomaram o lugar das descobertas científicas; o resultado foi a quase total aniquilação de toda a inteligência terrestre.

Neste cenário apocalíptico, a Ciência já não tem lugar, os habitantes da terra aniquilaram-se por completo em brigas por #hashtags nos trending topics das inúmeras redes de O Grande Irmão versão 2.1, mas um pequeno grupo de cientistas (nota de rodapé: possivelmente usuários de Windows Phone) sobrevive e, refugiados no subterrâneo, iniciam pesquisas para reverter a catástrofe trazida pelo aplicativo O Grande Irmão. Durante seus estudos descobrem pistas deixadas por um suposto grupo chamado Exército dos 12 Macacos, com valiosas informações sobre como impedir a instalação em massa do aplicativo vigilante.

Ao seguir estas pistas os cientistas desenvolvem um novo tipo de ser: os Replicantes, seres biológicos robóticos, ciborgues, capazes de captar sinais do universo espiritual por meio de seus animais robóticos de estimação, ou Pets, uma espécie de Pókemon ciborgue, estes Pets precisam ser capturados pelo Replicante e, não sendo raros, não possuem valor nenhum.

Entre os Replicantes produzidos, um recebe a missão de visitar a superfície do planeta plano em busca de vida inteligente. Este Replicante é Biophillick, que precisa capturar, antes de mais nada, o seu Pet Pókemon. Sabendo disso, os cientistas o enviam aos arredores de uma antiga fábrica de brinquedos. Biophillick visualiza a certa distância a antiga fábrica, em ruínas, mas ainda de pé apesar da grande destruição do planeta. Ele segue em sua direção…

No interior da fábrica Biophillick caminha entre máquinas industriais enferrujadas, peças e partes desfiguradas de bonecos e brinquedos, plástico, metal, poeira, pedaços de vidro, punhais e velas diabólicas escondidas em bonecos Fofão queimados, panfletos anunciando o lançamento de O Grande Irmão versão 2.2, com promessa de correção de falhas, bugs e backdoors, e no rodapé do panfleto um anúncio: “Liberte-se, use o sistema GNU!”. Biophillick ouve uma voz “me gusta” (eco), repercutida fractalmente pelos corredores e encontra um pequeno ser azul chamado Furby. Biophillick o captura tão rápido quanto um juiz muda de idéia sobre aceitar cargos num governo.

Enquanto Biophillick prepara seu Furby para conexão ao mundo espiritual, escuta ao longe sons e ruídos, desordenados e confusos, cordas, metais, latas e muitos loops, muitos loops, muitos loops, muitos loops, loops, oops, sss… Os sons estão sendo produzidos por dois visitantes do povo Fremen, djalgoritmo e euFraktus, vestidos com seus trajes destiladores trazidos do planeta natal Arrakis (mais conhecido neste rincão da galáxia por Duna), munidos dos seus instrumentos musicais duplimentais orgalorgonômicos e com os olhos intensamente vermelhos, característica comum de todo o povo Fremen, após o ritual de transcanabiscendência entheolobótica às 4:20.

O encontro do Replicante Biophillick e seu Pet Furby com os Fremen djalgoritmo e euFraktus traz ordem e harmonia com os sons então produzidos no ether do multiverso C-137, estabelecendo conexão com o mundo espiritual a gloriosos 64 kbps de velocidade. Tal conexão produz substância necessária, universal e suficiente para realizar uma viagem interestelar, e assim, ao duplipensar sobre abandonar o barco ou ficar, ou abandonar o barco e ficar, decidem pelos dois duplipensamentos e abandonam o planeta plano em formato de moeda numa fuga espacial megacróstica, tendo como destino o planeta esférico Duna, deixando para trás um planeja devastado pela guerra das #hashtags juntamente com os últimos usuários de Windows Phone até então conhecidos.

bioborgs album cover 02

bioborgs album cover 03 bioborgs album cover 04

10”album mixmídia.

Album em colaboração com: Biophillick + djalgoritmo + euFraktus

Produção musical: Biophillick + djalgoritmo

Cítara hindu: Eufrasio Prates / euFraktus

Música Algoritmica: djalgoritmo

VjLive: Jackson Marinho

Vídeo: djalgoritmo

Fotografía: Isabelle Araújo

Edición de Arte: Biophillick

Staff Creativo: Gandha Leite Jr.

Dionysian Industrial Complex e Alien Monastery Records

Brasília, Julho 2019

bioborgs album cover 05

Código-fonte e samples